quinta-feira, maio 11, 2006


Respeito, muito respeitinho

Pedro Lomba, no seu artigo na Atlântico de Maio (finalmente, encontrei a revista num quiosque e gostei - só achei estranho a assinatura anual não ter qualquer bónus/brinde), escreve sobre um tema, digamos, interessante: os hipocondríacos.

Ora, antes de mais, ressalvo: também eu não padeço de tamanha enfermidade. Mais, esta alegada doença repugna-me; parece-me tortuosa e bera. Para dizer a verdade, até me assustei. Quer dizer, pela minuciosa, atenta e tenaz descrição dos sintomas, fiquei circunspecto e, até, concedo, mais atento. Não é atento, atento, até ao ponto de pensar, sequer remotamente, que poderia padecer de tamanha enfermidade, mas numa outra perspectiva, a da mera e circunstancial tomada de conhecimento.

Enfim, já não sei bem a que propósito, queria acrescentar que o hipocondríaco não só sofre ante a perspectiva omnipresente da grave e raríssima doença que apenas a ele consome, como perante aquele sumário e eterno segundo que antecede o pronunciamento do técnico (médico). Na verdade, àquele momento feroz precede uma outra angústia de diverso tom, mas idêntica intensidade: a "minha" maleita está, francamente, muito à frente do que alguma vez foi dado a ver ao especialista. É inédita, singular e minha!

É verdade, sub-repticiamente, emerge uma tremenda satisfação: não há nada de grave. Mas, bolas, o despiste não terá sido completo. Não pode. Jamais!